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As respostas
Da forma que todo este processo tem vindo a ser conduzido, verifica-se que não existe o consenso necessário para que o referendo cumpra o seu objectivo: os que votarem neste referendo irão responder a várias questões completamente diferentes, com o problema de votos que se referem a questões diferentes serem contabilizados na mesma "pilha".
Alguns encaram este referendo como uma questão de princípio.
Para esses não é particularmente importante que se atinjam os objectivos apontados pelos autores da proposta (o de combater o aborto clandestino), mas sim reconhecer um direito legítimo das mulheres. Esses responderão sim, enquanto que os que também encararem este referendo através da óptica dos princípios e forem, por princípio, contra o aborto votarão não.
Outros responderão para ajustar a Lei à realidade Portuguesa. Afinal, se poucos cumprem a Lei, não fará sentido mudá-la para que um comportamento tido como banal deixe de ser penalizado pelo Código Penal?
Outra resposta terá a ver com dar dignidade a quem recorre ao aborto. Em vez de ter de recorrer a uma "abortadeira de vão-de-escada", as mulheres poderão recorrer ao Serviço nacional de Saúde.
Outros ainda responderão tendo em consideração os previsíveis resultados da implementação da despenalização. Os que acreditam que a despenalização fará diminuir o número de abortos e que o sistema tem (ou terá) capacidade para responder às solicitações responderão sim. Os que prevêem uma diminuição dos cuidados anti-concepcionais (com o previsível aumento de gravidezes) e uma sobrecarga que os serviços de saúde não poderão absorver responderão não.
Concluíndo: pessoas que partilham os meus princípios irão responder de forma diferente e pessoas que tem a mesma opinião sobre a possibilidade de implementar esta Lei irão também responder de forma diferente.
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